Páginas

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A CAVEIRA

Onze horas da noite.
Não há luar e a velha cidade de Bartolomeu Bueno é na época iluminada a lampeões de querosene, colocados sobre postes de madeira lavrada, distantes quarenta, cinquenta metros uns dos outros.
Na última casa da rua da Abadia jogam o trinta-e-um, na sala de frente, em torno de mesa redonda, alumiada por castiçais com velas de sebo.
Circundam a mesa o Brito Queirós, o Seixas, o Emílio Bandeira, Pinheiro de Paiva, José Soares e o Seis-e-Meia, apelido por que era conhecido o Antônio da Luz.
Àquela hora uma partida de sensação prende os olhares dos jogadores às mãos do "pé’, o Seixas, que distribui as cartas.
Há um empate carregado e estão sobre a mesa quatrocentos e tantos mil réis. Jogam.
Uns pedem cartas, empalidecem e "passam"; outros pedem-nas também, "filam-nas" e "ficam". Seixas, o último a pedi-las, conta os pontos e "chama" o pessoal. Trinta pontos! Os outros ficaram de 27, 28 e 29; ganha o Seixas.
— Arre! diabo! — exclama, — saí de um buraco com um saldo de duzentos e cinquenta mil réis. Dou metade àquele que tiver a coragem de ir agora ao Cemitério e me trazer uma caveira.
— "Pronto" grita o Bandeira, "bata o cobre que a caveira vem já".
— "Dou-te mais cinquenta", diz Seis-e-Meia.
— "E mais cinquenta meus", acode Pinheiro de Paiva.
— "Pois é já’. "Não saiam daqui que não demoro quinze minutos", retruca o Bandeira, erguendo-se da mesa. Tomou o chapéu e partiu. Mas antes de êle sair, rumou para o lado do Cemitério o Zé Mamão que, do lado de fora, encostado à janela, ouvira toda a conversação.
* * *

Meia-noite. Emílio Bandeira levanta o aldravãe da porta do cemitério de São Miguel e caminha para o monte de caveiras que está ao pé do cruzeiro grande da Metrópole dos mortos de Goiás; agarra uma e, quando se dispõe a partir, rouquenha voz, que parece vir de vetusto mausoléu, diz: "Larga, essa é minha!"
Bandeira sente que se lhe eriçam os cabelos ao ponto de derribar o chapéu; um frio que nunca havia experimentado se avoluma em sua coluna vertebral. Para um momento, indeciso, deixa a caveira no monte e agarra outra. "Larga, essa é minha!" diz outra voz fanhosamente.
Bandeira já não está em si, lança mão de outra… "Larga, essa é minha…"
Transido de medo, ainda raciocina: "se eu fôr procurar caveira sem dono, estou arranjado; até as mais antigas devem ter os seus proprietários; portanto, o que tenho a fazer é isto — pega na que está mais à mão e dispara…
E a voz fanhosa também dispara a repetir: Larga, essa é minha! Larga essa é minha!…
O nosso herói passa o portão da necrópole e vem pela estrada a baixo como uma bala.
"Larga, essa é minha; larga, essa é minha!…"
A jogatina continua na casa da rua da Abadia. Seixas acaba de ganhar mais uma bolada; mete no bolso o dinheiro, não sem tirar antes uma cédula de cem mil réis, que deixa" sobre a mesa.
"Esta", diz, "será do Bandeira, se entrar aqui com a caveira".
Pinheiro de Paiva e Seis-e-Meia deixam também junto ao dinheiro a quantia que prometeram dar.
Brito Queirós dá cartas, e outra jogada vai começar.
Nisto a porta da sala se abre com estalo.
Como um furacão, entra Emílio Bandeira, que atira sobre a mesa do jogo uma caveira e exclama: "Cá está a caveira e o dono ai vem atrás".
E mete-se para o interior da casa a derribar tudo o que lhe impede a disparada. Os outros deixam a mesa, dinheiro, baralho e tratam de acompanhá-lo casa a dentro.
Zé Mamão aparece à porta; não vê na sala nenhuma pessoa; enfia num dos bolsos a dinheirama que está sobre a mesa, acende um cigarro na vela de sebo mais próxima e sai.
E desce a rua da Abadia a assobiar a Palomita…

Pedro Gomes: Pilo Aceso. DEIP de Goiás, 1942.
Fonte: Estórias e Lendas de Goiás e Mato Grosso. Seleção de Regina Lacerda. Desenhos de J. Lanzelotti. Ed. Literat. 1962

RECURSO MACABRO

Há muita gente que afirma haver cabras que têm necessidade de apanhar e, em muitos casos… serem liquidados. Vou narrar um acontecido naquele tempo, lá pelos lados de Morrinhos.
A única coisa que ainda existe na roça, desde os tempos idos, satisfazendo ao roceiro, é o pagode. Ali êle dança, joga baralho, bebe pinga, come roscas e biscoitos, aprecia os foguetes e ouve sanfona e viola. Três ou quatro horas assim são o consolo de muitos dias de trabalho exaustivo.
Quando um está com a roça no mato ou com a colheita apertada, faz o célebre mutirão. Chega gente de todos os lados com as suas ferramentas e uma muda de roupa limpa no embornal. Pegam eitos, uns apostando, outros teimando para ver quem chega primeiro ao fim do corredor. Estas apostas são sempre referentes ao baile: quem ganha dança primeiro com a Rosinha ou com outra "zinha’ qualquer, conquanto seja a moça disputada da festa. Para os últimos é reservada uma vaia tremenda e eles passam por uma humilhação esmagadora. Depois do serviço pronto então, vem a comezaina. Muita cachaça e muita comida. Em seguida, os fogos, espantando cachorros e pondo a molecada a correr pelos pastos atrás das varas dos foguetes. No final, o baile. Ali no terreiro bem varrido, debaixo da tolda, dançam todos.
A sanfona toca o batido "mané-por-hora" e o trem vai bom até o dia amanhecer ou ainda mais.
Foi num desses pagodes que o Sebastião, o humilde Bastião, passou o pior pedaço de sua vida.
Lá pelas tantas, entra o Raimundo, o negro mais preto da redondeza, com toda a sua arrogância e fama de "desmancha bailes". Foi logo em cima da mulher do Bastião para um arrasta-pé. A coitadinha excusou-se, dizendo que não sabia dançar e que, demais, era casada e não ficava bem sair com estranhos. O Raimundo ficou branco de raiva e encostou-se na lata de quentão. Depois da coisa passada, ele deu com a Belmira e o marido numa polca enfezada, dançando muito bem. Pensou: "É assim?" Com pouco prazo, também, desapareceu dali. Foi admiração e alívio para todos, pois o Raimundo nunca havia deixado um baile terminar normalmente; sempre proporcionava uma arruaça.
Tudo correu muito bem.
O sol já ia alto quando o Bastião e a Belmira demandaram a casa. Ao atravessarem o capão do mato deram com o Raimundo de carabina na mão.
— Gostaram do "bal", cambada? isso é lá jeito de gente fazer os outros esperar?
O pobre Sebastião não respondeu nada, pois nem que quisesse falar alguma coisa a voz não passaria por cima do bruto nó da garganta. Limitou-se a engolir em seco. Os quatro pés do casal também não reagiam nem ao mínimo, pois não se moveram. O Raimundo pôs-se a despir, mediante os olhos esbugalhados dos dois. Completamente nu mais parecia um enorme toco depois da queimada.
Agora "vancê", eguinha enjeitadeira, tira os molambos e fica pelada feito bicho nascido de novo!…
O Sebastião quis opôr-se, mas desistiu, porque dois tiros de carabina 44 mexeram com a terra por baixo dos seus pés.
Tudo foi obedecido. Raimundo, com a carabina numa mão, puxou a Belmira com a outra e ordenou ao marido que assobiasse uma polca bem boa. O pobre não conseguia fazer bico-de-assobio, mas fê-lo automaticamente, depois de uma canada da arma no pescoço. Raimundo dançou fartamente com a mulher do músico até este ficar com os beiços duros de tanto assobiar e a pobre esbandalhada de tanto requebrar.
Agora tu vai embora e deixa ela; depois ela vai, mais logo. Não precisa voltar não, miserável… com’é que Deus põe gente tão à-tôa assim no mundo?…
Como um cachorro que se vê livre da corrente, o Bastião ganhou a estrada.
Duas horas de espera para êle foram séculos. Uma mágoa tremenda corroeu-o todo. A sua honestidade não concebia uma tal coisa. A surpresa fora tamanha que o deixara desarmado até da cabeça. Não conseguia nem pensar mais nada.
Quando Belmira chegou, fraca, trêmula, extremamente humilhada, o marido não pôde falar-lhe: o nó permanecia na garganta. Um remorso infiltrante fazia-o sentir-se culpado de tudo aquilo. Seguiu os gestos da mulher que, tam-
bém, sem dizer palavra, juntava as poucas roupas e os pequenos utensílios. Sebastião compreendeu tudo e pôs-se a ajuntar os parcos móveis do rancho. Conhecia a mulher de sobra e bem sabia que ela era de pouca conversa, e, quando enveredava para uma coisa, tinha que ser aquilo mesmo.
Depois de tudo arrumado num só monte, do lado de fora, foi ter-se com o Cel. Ernestino, dono da fazenda.
Este já o esperava, pois alguém já havia avisado da mudança, porém, desconhecendo os motivos.
— "Bá tarde", seu coronel…
— Boas. Vamos chegando.
— Sim senhor…
— Senta aí. Algum negócio? — o homem era seco.
— Vim pra mode fazer com o senhor u’a berganha.
— Sendo uma coisa razoável, estou de acordo — disse o coronel interessado.
O roceiro laudeou-se de gestos, amarrotando sempre o chapéu. Se o coronel não o arguisse, ficaria ali um dia inteiro e não diria o intento. Depois soltou-se:
— O "causo" é qu’eu queria deixar a roça que tá plantada em troca do senhor mandar levar os meus trens no carro pra fazenda do seu Horácio, acolá, na cabeceira do corgo das Pedras…
— Mudança! por quê é que o senhor vai mudar?
— É qu’eu mais a mulher não tamos se dando bem aqui. Nós sempre carece de tá se mudando…
— Não é possível, o senhor ia tão bem… estava tão satisfeito !…
— A gente parece que vai, depois o trem zanga… dana tudo.
O Bastião, vendo-se obrigado, contou tudo direitinho, ao seu jeito, com muitos rodeios, muita dificuldade de expressão e muita humilhação.
— Ora, não é possível — irado, bradou o coronel — isto não pode ficar assim, não! não pode! é um absurdo! aqui, dentro da minha fazenda, marido eu (êle mandava fora, também) não admito! isto é uma infâmia.
Os peões ouviam satisfeitos, pois sabiam que logo mais iriam ter "trabalho".
— Não consinto! faremos justiça primeiro. Depois o senhor não querendo ficar, pode mudar-se para onde quiser. Vai por minha conta; compro e pago a roça.
O Cel. Ernestino Soares andava para lá e pra cá, no alpendre e, depois gritou, numa raiva que o fazia tremer todo:
— Hilário, Firmino, Roque! Largam esses trens aí e venham já, aqui!
Nada demorou e os três caboclos apresentaram-se.
— Peguem os trens e vamos fazer um "serviço". Numa satisfação imensa, os homens prepararam-se,
num prazo de corisco (também andavam sempre prontos). Nem cinco minutos para estarem cinco cavalos selados, tendo três deles carabinas nas cabeças dos arreios. Ernestino virou para o interior da casa e recomendou:
— Recolham os trens da casa do Bastião e tragam a mulher dele para cá.
Sebastião queria ficar, mas o patrão mandou montar. Partiram como se fossem a um casamento, tendo as seguintes fisionomias: o coronel como se fosse o pai da noiva; o Bastião, o noivo medroso; os três, os convidados, que iriam se fartar na festa.
Indagando de todos os lados tiveram a notícia, ao escurecer. Souberam que o preto costumava demorar-se, quando fazia alguma arte, num rancho na roça de arroz do Capão, umas três léguas dali. Chamaram nos cascos e pernoitaram no Capão, perto do rancho.
Ao clarear o dia abordaram o esconderijo do preto. Este, muito desconfiado, com uma rabinha na mão, saudou-os, sem esperar ser cumprimentado, como de praxe.
— Bom dia pra "vancêis" tudo.. .
— Bom dia, Raimundo — respondeu Ernestino.
— Vamos apiar… ou "vancêis" tão com pressa?…
— Se eu andasse com pressa não estaria com a idade que estou — retrucou o coronel.
O preto, completamente desequilibrado, tremia muito. Mexia muito com a boca para coordenar algumas palavras e foi mudando de côr.
— Eu ia fazer um gole de café…
— Pois pode fazer. Pensa que já quebramos o jejum? Raimundo deixou os grossos beiços entreabrirem-se, mostrando apenas as pontas dos dentes, muito alvos, num sorriso congestionado.
— Vou buscar água no rêgo co essa rabinha…
— Pois pode buscar; quero ver o moca fumegar logo. 0 pobre coitado tinha uma vontade louca de correr, embrenhar-se mato-a-dentro, mas sabia que não escaparia dos balaços das 44 e 45. Também as pernas não topariam uma tal parada, pois estavam nas mesmas condições das do Sebastião e sua mulher, na manhã anterior. Um arrependimento profundo arcou-lhe a consciência, porque êle bem conhecia o Cel. Ernestino Soares.
O café já estava sendo servido em tigelinhas de louça, esbeiçadas, quando o coronel reprimiu:
— Café sem doce, Raimundo, gosto muito de café, mas desse jeito, não.
— Me esqueci, seu coronel; nem "seio" adonde que tou c’a cabeça…
— Pensando, naturalmente, no belo prazer de ontem cedo, ou já houve outro, depois disto?
Raimundo, com estas palavras, arregalou os olhos e as suas narinas tremeram:
— E… e… eu…?!
O coronel fixou o seu olhar penetrante, costumeiro, nestas ocasiões. O preto, maquinalmente temperou o café no bule ensebado.
Um silêncio de expectativa apoderou-se do ambiente. Seguiu-se o ruído do café servido e… só.
O Sebastião estava ansioso para que o patrão desistisse e fosse embora; a sua honra havia sido ultrajada, mas era honra de pobre, de gente desgraçada do mato. Mudar-se-ia e tudo seria esquecido. O tribunal humilde de sua consciência não condenava ninguém.
O coronel passou uma vista d’olhos em derredor, por dentro do rancho.
— Já anda preparado, hein? Tudo no jeito, hein, Raimundo?
Já carrega a traia. Faz a besteira, depois pode ficar o tempo que quiser por aí, às escondidas, hein?
O negro bateu os beiços, mas só balbuciou, pois tremia tanto que não conseguia articular uma só palavra.
O coronel passou a mão pela cobertura do rancho de palha de arroz e disse, irônico:
— Do jeito que isto está seco não aguenta dois minutos de fogo…
O Raimundo, querendo pescar alguma coisa, perguntou desajeitadamente:
— "Vancê", meu coronel veio botar fogo no rancho?
— Não, mas poderá acontecer sozinho; está muito seco e com essa fornalha aí…
O preto sorriu, meio satisfeito, mas cortou, repentinamente o riso, pois veio-lhe à memória que ali havia dente de coelho.
Alguma coisa já havia sido combinada, porque o Firmino pôs-se a amolar uma faca numa pedra, caprichosamente.
O fogão estava a um canto do único cômodo da habitação; ao centro, um esteio que sustinha a cobertura.
O coronel mandou que o anfitrião enchesse a fornalha de lenha a fim de cozinhar, rapidamente o feijão, para ligeiro almoço. O feijão estava no fogo desde o dia anterior. Quando tudo foi satisfeito, sentenciou:
— Olha aqui, Raimundo, negro ordinário, vagabundo! você deveria saber em qual mato estava lenhando ao fazer aquela baixeza com os meus agregados. Você deveria saber que eu zelo pelos meus peões como se eles fossem meus próprios filhos, ouviu?! Tira a roupa como fez ontem!
O preto titubeou e uma bala de carabina atravessou-lhe a carapinha. Assim, nessas circunstâncias, não pestanejou em atender a ordem, embora o fazendo demorado, pois os seus dedos trêmulos dificultavam a passagem dos botões pelas casas. Ficou, novamente, como toco de pau queimado. Os seus olhos fitavam, luminosos, os dos outros. Depois tomou uma atitude muito firme e protestou, advinhando ou supondo alguma coisa.
— Não, seu coronel, "vancê" me mata, se quiser, mas não faz uma coisa dessa.
O coronel riu, teatralmente. Aí acrescentou, zombeteiro:
— Não, não vai ser o que você está pensando; ninguém se rebaixaria a tanto. Se você fosse mulher produziria asco em qualquer um, quanto mais… homem… e preto…
Ao terminar estas palavras olhou para Roque que estava com um rolo de arame. Este foi para o esteio do rancho e amarrou uma ponta a uns setenta centímetros do chão. Ernestino ordenou ao Sebastãio:
— Este infeliz tirou sua honra moral; agora você tira a honra física dele; ajudem-no! — bradou.
Os três jagunços tomaram o Raimundo e levaram-no ao pelourinho improvisado. O Sebastião movido mais pelo medo que pela coragem, enleou aquele arame muito bem no esteio e às honras físicas do desgraçado que urrava como um garrote na castragem. Um suor vasto desceu-lhe pela testa e confluenciou-se com as lágrimas que lhe jorravam pelas barbas esparsas, como enchente em margens de mato ralo. Depois suplicou:
— Tem dó meu coronel… meu coronel, seu Ernestino … me perdoa dessa vez. Eu prometo nunca mais cair noutra.
— Se "vancê" meu coronel me soltar, eu sou seu escravo pro resto da vida. Faço o que "vancê" mandar…
Ernestino consolou-o com estas palavras:
— A justiça dos homens é muito severa, Raimundo. Eu cumpri a lei deste sertão aqui. Se a gente deixar, a vaca vai pro brejo. Eu apenas estou lhe trocando uma moeda.
Seguiu-se* um choro triste, entrecortado de soluços que fazia condoer qualquer coração humano, com exceção daqueles quatro homens moldados pela natureza. Sebastião não estava gostando daquilo, mas desejava que Belmira visse; talvez ela até gostasse.
Ficaram todos imóveis, por algum tempo. Depois o coronel olhou para o fogo que já levantava labaredas bem altas.
Pegou da faca muito afiada e entregou-a ao preso:
— É bem capaz deste fogo alcançar o telhado, se o rancho pegar fogo desfaça-se daquilo que o culpou.
Montaram a cavalo e afastaram-se.
— Será que dá certo, coronel? — perguntou um dos capangas.
— Se êle não quiser ser torrado usará a faca. Se tal acontecer nunca mais molestará mulher de ninguém.
De fato, como havia planejado o coronel, o fogo atingiu, as palhas. O pobre coitado tentou, cuidadosamente, cortar as voltas do arame, mas teria melhor sorte se lhe dessem, em vez de faca, um alicate. As labaredas devoravam a cobertura e as paredes de palha. Um calor tremendo infernava o interior.
O Raimundo tinha dois caminhos a seguir: o suicídio ou desfazer-se dos elementos da procriação. Para não se matar tinha dois motivos: o da religião e o da covardia. Do primeiro êle estava livre, pois desconhecia isto; o da covardia privava-o deste ato.
Quando o fogo já lhe tostava os pêlos, fechou os olhos e apartou-se do amarrado, usando a faca.
* * *
Fez êle mesmo, por muitos dias, os curativos com cinza de fogão, urina e fumo de rolo. Ficou muito acabrunhado, vagando pelo mato, combatendo as moscas varejeiras.
Não se alimentava.
Perdeu, em pouco tempo, a razão e tomou as proporções de um porco bem cevado.
O pobre eunuco ganhava dinheiro, comida, pinga e fumo, mostrando o sinal para os outros, rindo e babando sempre.
W. Bariani Ortencio: "Sertão o Rio e a Terra" — Livraria S. José — 1959.
Fonte: Estórias e Lendas de Goiás e Mato Grosso. Seleção de Regina Lacerda. Desenhos de J. Lanzelotti. Ed. Literat. 1962

segunda-feira, 2 de abril de 2012

PRÁ DESCONTRAIR: É MASSA SER BAIANO


Ser baiano é amar a Bahia!


É viver!!! Se jogar!!! Aproveitar essa terra abençoada por Natureza, mas que beleza!!! E em Fevereiro???


Em Fevereiro teve o Carnaval.... Ah!!! O Carnaval!!!

Ser baiano é ir atrás do trio... é curtir o? (é claro), Iveteeee e o Chicletão...


'Eu fui atrás do caminhão, fazer meu carnaval, e o carnaval é feito do coração...'¨

Ser baiano é...


Ser chamado de preguiçoso pelos paulistas e sentir no tom de voz que eles morrem de inveja porque aqui tudo é mais perto...


Toda hora é cedo... e o trem das 11:00 passa também às 12:30... de modo que sempre dá pra tomar mais uma ...


E se lá é a terra da garoa, aqui é a terra da alegria, do sol, diversão! E eu prefiro aqui!

É morrer de rir e fazer resenhas dos gringos tentando imitar as coreografias que fizeram sucesso no nosso verão (hehehe). Aquelas tentativas zarras de nos imitar... rsrsrsrsrs...

Ser baiano é estar prestes a entrar no Bondinho do Pão de Açúcar lá no Rio de Janeiro ou em qualquer outro lugar e ser reconhecido (Vcs são baianos né??!!)... Quem viveu lembrará!


Onde estamos fazemos amigos, sabemos conversar, cantar, dançar, curtir, encantar e sorrir... hehehe...Todas querem o Baiano!!! Modéstia à parte, somos bons de cama...

É soltar um oxe, oxe em qualquer lugar e achar massa!! É falar 'na moral’, 'de fudê', 'êtaaa', 'falô', 'to durmino', 'buzú', 'fazeno', 'Deus é mais!', 'bora armá os esquema', 'vixe', 'mainha', 'painho', 'oh retado', 'colé' , 'lá ele', 'brau'... 'vamo pro reggae'...

É chamar sua amiga de piriguete, seu amigo de corno, viado, relento, seu porra, e eles não se incomodarem... hehe... é falar 'oh negão chega aí... bora Cumê água, véi!'

Ser baiano é marcar um compromisso pra 'de hoje a oito'... Só baiano mesmo!!!

Ver o Pôr-do-Sol do Farol... ...da Barra, do Humaitá, de Mar Grande... Aaaahhh... de qualquer lugar... Pois aqui o sol se põe inteiro!!!


Em qualquer lugar dá pra vê-lo dormir sobre o mar...

Ser baiano é falar: ô minha tia, me dê um acarajé aí na moral!!!

É ficar retado quando falam mal da gente.


Ser baiano é ser feliz, estar de bem com a vida, receptivo, disposto a ajudar.

É ser honesto e guerreiro, ser amigo, é ter consciência que Deus pegou o melhor das outras partes do mundo, encostou no mar, no lado de umas serras, cortou por uns rios... Misturou tudo... E FEZ ESSE LUGAR ÚNICO CHAMADO BAHIA.

Cá pra nós: o Baiano é Foda!!!
fonte (http://fascinacaonosesportes.blogspot.com.br/2010/10/pra-descontrair-e-massa-ser-baiano.html)





terça-feira, 16 de agosto de 2011

O VELHO ZINHO


O velho Zinho Vigia, é daqueles personagens que passam por nossas vidas e jamais esquecemos, são eternos, enigmáticos, cujo o deciframento é por demasia difícil. Fecho os olhos e o vejo, alto, magro, de voz rouca e ligeira, as vezes em tom ameaçador ou no riso largo. Era um verdadeiro herói e bandido da minha infância e adolescência. Sempre a andar apressado, de olhos atentos a vigiar e a preservar os jardins da cidade.
Há tempos os jardins de Berimbau perderam a beleza, e também a leveza dos casais de namorados, passeando e sentados nos banco de seus jardins, e o belo gramado esverdeado, propício a ficarmos sentados, olhando a lua ou curtindo o fim de tarde, é bem verdade que as vezes durante o verão ficavam um pouco desgastados, mais o certo é que serviam também para os nossos babas, sejam noturnos ou diurnos. Era ai que aparecia o implacável zelador, defensor da ordem jardineira, com seu cipó “caboco”, pondo nos a correr em disparada, numa verdadeira balburdia, misto de alegria e medo daquela figura que aterrorizava os nossos babas e principalmente a nossa gorduchinha, que por muitas vezes era ali mesma estrangulada, rasgada ,sem piedade para o nosso desespero, ou por outras era levada prisioneira para a delegacia.
E quando acontecia de a gorduchinha ser encarcerada, elegíamos entre nós um advogado para ir a delegacia advogar em sua causa, e libertá-la dos grilhões que a prendiam. Mais o velho Zinho continuava lá, na moita, pronto a dar o bote em cima da turma, na verdade, tenho a certeza que nós e o vigia nos divertíamos com aquele corre-corre, por várias vezes o peguei a sorrisos largos, nos perseguindo, aquilo para ele era um verdadeiro exercício de prazer, no fim de tudo eramos amigos brincando de inimigos, e o trabalho dele era preservar os jardins da cidade e o nosso era jogar bola nos jardins para desespero e alegria de ambos.
Zinho por ironia era pai de dois dos melhores colegas e amigos de escola; a bela Tatiana e o Gremista Marcos. Nunca caçoávamos deles, tínhamos respeito pelo pai deles e eles sabiam de nossas peripécias com o progenitor deles. Não conheci pessoa mais zelosa pelos jardins da cidade igual a ele, os jardins eram orgulho dele, várias vezes o vi fitando com um olhar de satisfação, a grama verdinha, os pés de eucaliptos exalando o seu perfume, as amendoeira carregadas e os flaboiant em suas cores majestosas a brindar o velho Zinho, como que dizendo, obrigado amigo pelo zelo que tens a nós.
Mais os tempos mudam, e muitas das vezes para pior, os jardins já ficaram órfãos e já não são os mesmos, e o velho Zinho já não vive mais ente nós. Sua passagem causou-me profundo pesar, sabia que ali, ia mais um personagem que marcou minha adolescência, nunca mais o veria a zelar o jardim e nem passar a vê-lo vendendo o seu leite na bicicleta, foi-se o velho Zinho, assim como a beleza do velho jardim também se foi.

sábado, 13 de agosto de 2011

UMA PERGUNTA PARA DEUS

Quem tem o poder sobre a humanidade? Deus ou o Homem? Uns vão dizer: Deus é maior que tudo e que todos. Mais o certo e a verdade, é que o homem é que detêm o poder sobre a humanidade, é ele quem dita as regras, seja social, moral ou religiosa. É ele quem inventa um Deus para cada sociedade ou pessoa, mesmo que este Deus seja único. A grande pergunta é, se Deus tem poder sobre a humanidade, por que é que uns sofrem mais que outros, poucos tem muito e muitos tem muito pouco? Sobre a ótica social, Deus é extremamente injusto, e não há paraíso além morte que o redima da miséria em que vive a maioria da população.
O homem dita as normas, dita até quem vai para o céu ou inferno. Vejo Pastores e Padres seduzindo seus fieis com suas retóricas, mais o certo é que na mesa deles não falta o pão de cada dia, pois os fiéis dão até o que não tem para satisfazer a sua oratória de mendicância em nome de Deus. Se há um senhor da guerra, este senhor é Deus, por ele milhões tem sido mortos e escravizados, em seu nome, milhões passam fome. Eu pergunto DEUS a onde está você que deixa seus filhos passarem pôr isto?
Todo pai deve proteger seus filhos, amá-los igualmente, mais o que o senhor tem feito é dar mais a uns que a outros. O senhor deixou o poder na mão dos homens e agora ele o controla, diz até como deve ser o seu culto, impõe regras para cultuá-lo. E o seu filho Jesus? Que morreu na cruz para pagar nos nossos pecados. Tenho certeza que ele não previu o tamanho da nossa conta, pois se tornou incapaz de cumprir a promessa do pai, o que é pior tem ajudado, ladrões, falastrões e falsos profetas, que utilizam o seu nome para tirar dos mais fracos. Deus será mesmo você poderoso ou Jesus perdeu tempo vindo aqui na terra?. Isto é, se veio realmente.
Como pode o mundo ser tão desigual, como pode o mundo ser tão maldoso. E não venham me dizer que é por causa do homem. E já que é, por que Deus não faz algo? Tenho certeza se este mundo for melhor, Deus perderá o sentido de existir, quem vai cultuar alguém que não se vê ? E com o mundo andando tão bem, não haveria o por que da existência de Deus.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

QUAL A IMPORTÂNCIA DOS FATOS


O que tem em comum Amy Winehouse e os adolescentes da Noruega? Morreram no dia 23 de julho de 2011, até ai nada demais se não fossem a causa mortis de ambos. Enquanto Amy vivia uma vida no fio da navalha, os jovens da Noruega foram brutalmente assassinados. Mas na imprensa nacional, houve dois pesos e duas medidas para noticiar os ocorridos, claramente o meio de comunicação mais visto no país, a televisão(REDE GLOBO), dedicou na sua preciosa grade de programação maior importância e alta exposição a morte de Amy Winehouse, de que os atentados ocorridos na Noruega.
Frente a ordem social e a paz no mundo, era de esperar que o fato ocorrido no país escandinavo dominasse o noticiário tamanha foi a brutalidade orquestrada pelo assassino Anders Breivik para ceifar vidas inocentes. Mas, aqui no Brasil o que se viu foi justamente o contrário do ocorrido em outros países, que estamparam em seus meios de comunicação a tragédia norueguesa como fato mais importante ocorrido este ano, não deixaram ele contudo de noticiar a morte da Amy, dando-lhe relevância devida, mas não com a enfase observada em nosso país.
Há em curso na Europa uma propaganda xenofóbica, e o ressurgimento de partidos ultradireitistas e ultranacionalistas, que veem no imigrante e no diferente uma verdadeira ameaça à sua nação. Os partidos de ultra-direita da Europa, vem alimentando discursos nacionalistas arraigados de xenofobia, e que nos últimos anos os ajudaram a obterem uma maioria nas eleições de seus países de origem, estas vitorias políticas deste partidos fez com que se acenda a luz amarela em todo o mundo. Foi com um discurso ultranacionalista e xenófobo, que vimos a ascensão de Hitler, e o partido nazista ao poder na Alemanha na década de 30 do século passado. Vimos o que estes discursos de Hitler, causou não só a Europa mais ao mundo, o horror que foi a Segunda Grande Guerra, como as minorias foram brutalmente massacradas, levando ao genocídio de milhares de Judeus e descendentes destes.
Os países europeus começam agora a questionar as ações destes novos hitlerianos com mais veemência, sobretudo os seus partidos políticos, a maioria teme uma nova onda nacionalista, e que possa colocar em cheque a união europeia . Países como França, Itália, Suécia, Áustria, Alemanha, Suíça e a agora Noruega, expõem de vez a fragilidade política em que estão envoltos, em suas fileiras encontram-se ainda sentimentos neonazistas e neofascistas que fazem os imigrantes ficarem atentos, serão eles as primeiras vítimas deste ódio, na concepção destes lunáticos, a culpa de todo o problema econômico vivido em seus países são dos imigrantes, este é o discurso tal qual Hitler usou para que se iniciasse a perseguição aos judeus. Por isso este atentado na Noruega foi e é até o momento amplamente discutido no mundo com apreensão, totalmente o contrário do que temos visto no Brasil, vide no último final de semana a onde o programa Fantástico da Globo, foi praticamente dedicado a cantora Amy Winehouse.
Concordo que era uma superstar do mundo pop, mas daí a morte dela ser mais importante que o atentado contra inocentes na Noruega são outros quinhentos. Devíamos ter vergonha de nossas atitudes, deveríamos estar refletindo sobre nossa condição social quanto a essas questões. Em São Paulo ha grupos neonazistas e apologistas dessas ideias, vide os ataques que nordestinos, nortistas e homossexuais tem sofrido na capital paulista, não estamos nós nesta republica de bananas a salvo desse câncer. Deveríamos estar refletindo e solidarizando com o povo norueguês esta tragédia, mas o que fizemos foi durante todo o final de semana foi colocar em evidencia a morte desta moça, que praticamente cometera o suicídio, em face da vida que a mesma levava, fizemos uma ode ao destempero e a falta de limites cometidos por ela. Não vi um artista comentar ou se sensibilizar com a tragédia norueguesa, enquanto isso todos declamavam com verdadeira adoração os versos da música mais famosa de Amy Winehouse, “rehab”, a onde a mesma já indicava a situação de sua autora, ele simplesmente se negava a se reabilitar, enquanto os mortos da Noruega não tiveram se quer chance de defesa e dos lábios de nossos artistas não vimos uma palavra que fizesse menção a esta tristeza vivida na Noruega. É simplesmente LAMENTÁVEL.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

PEGANDO CARONA NA CAUDA DO COMETA


Em 1986 um fenômeno celeste estava preste a acontecer depois de 76 anos, este fato dividia o noticiário com a eleição de Tancredo Neves para presidente, era ano de copa do mundo, o Brasil vivia uma fase de otimismo exacerbado, pois o país entrava de novo no rol dos países democráticos, ditadura naquele instante já era coisa do passado. Entretanto seus efeitos ainda podiam ser sentido, estávamos à apenas poucos meses de uma nova era democrática, então o Cometa Halley era mais uma de nossas alegrias, eramos meninos, pouco se usava o termo adolescente para justificar esta fase da nossa vida, aliás apesar do momento de euforia, sabíamos e tínhamos consciência de que o Brasil estava a beira da falência, muitos dos nossos pais tinham dificuldades financeira e estavam desempregados, a inflação era galopante e o desemprego alto, mais com a nova condição democrática que acabávamos de obter via eleição indireta, vivíamos a nossa fase de meninos e meninas na maior felicidade e esperança, e o Halley refletia para nós isso nos céus de nosso país e nossa juventude.
Lembro-me bem de que todas as noites íamos para a praça Benjamim Costa, e ali ficávamos até altas horas, olhando para o céu na esperança de vê-lo passar, nos revelando a sua cauda luminosa. Brotava nas rádios músicas com o tema, como a música “Um lindo Balão Azul” de Guilherme Arantes, e bastante cantada por nós, todos queriam pegar carona na cauda do cometa, eram tempos em que podíamos nos dar o luxo de ficarmos pelas ruas até  tarde da noite, sem corrermos o risco de sermos vítimas da violência alheia. Em nosso convívio de amigos, tínhamos caras engraçados, como os filhos de Augusto Vitória. Beto, Guto, Rômulo, a quem chamávamos de miguerme e Neném, este mimado de mais e pouco fez parte da nossa turma, eram engraçados por que tinham verdadeira megalomania para com seus familiares e para si, contavam mentiras cabeludas que quase nos faziam acreditar, tamanha a dramaticidade com que contavam as estórias de sua avó e avô, lá pelas bandas de Andaraí, sem contar no falso protestantismo em que viviam, mais é coisa para outras histórias, o importante era que apenas um deles tinham em seu poder, a única luneta que tínhamos conhecimento na cidade, e eles viviam a fazer figa para nós, mais eram gente boa e deixavam nos deliciar com a pequena luneta, que mesmo sendo pequena descortinou para nós o universo e o cometa que tanto nos fascinavam. Eramos uma verdadeira patota de amigos, alegres e felizes, lembro deles e daquele tempo com saudades, a maioria deles graças a Deus ainda mantenho contato, mais os mais chegados a mim eram Aldinho, Everaldo, Barão, Joelson, Renilson e Guga que com suas artimanhas vivia a pregar peças.
E falando em pregar peças, houve uma noite em que passava das duas da madruga e esperávamos o bendito cometa passar, pois tínhamos a ilusão que o mesmo iria passar tão perto, que iria deixar no céu, o rastro de sua cauda tão afamada e cantada. Beto e Guto resolvem ir embora repentinamente, mais eu e meus amigos continuamos a esperar o cometa chupando laranja na praça, e de tanto esperar, cansei, e resolvi ir embora. Como morava atrás da casa de Totinho, teria que passar na recém criada rua, a onde ficava a venda de seu Ranulfo, e como sempre fazíamos em nossas espera, contávamos e ouvíamos estórias de Lobisomem, da Lebara e outros espectros da cultura popular, e isso nos deixavam a todos com um certo medo na hora de ir embora, e neste dia não foi diferente. Só que isso quase acaba em tragédia, pois eu ia para casa sozinho,e iria passar por um lugar que quase não tinha casas, e não havia uma viva alma na rua a uma hora daquelas, e desci cantarolando uma cantiga qualquer para disfarçar o medo, e ao mesmo tempo em minhas mãos segurava uma faca pontiaguda que estava utilizando para descascar as laranjas, e nada disso me dava a segurança necessária para dissipar o medo que tomava conta de mim ao passar pelo local mais escuro. Eis que de repente pula em minha frente, um vulto enrolado em um lençol branco, na hora gelei e não tive forças para correr, e outro pula atrás de mim, e por instinto que não sei da onde veio, e ao invés de correr para casa, partir com a faca em punho para alvejar aquela assombração, rasgando-lhe o lençol e quase matando um dos meus amigos que se faziam passar por esta entidade. Eu fui com tanta fúria para cima de um deles, que quando ia desferir o golpe fatal, ouvir a voz de Beto gritando. Sou eu! Beto. O mesmo fazia Guto, seu parceiro nessa aventura que quase vira uma tragédia, estava branco, pálido de medo, e eu não poderia estar de outro jeito.
O certo é que passado o susto de ambos os lados, caímos numa gargalhada sem fim que nos foi brindada por uma estrela cadente muito próxima, e que riscou o céu, a mesma era tão grande que pensamos se tratar ser o Halley, e essa foi apenas uma de muitas deliciosas noites a espera deste fabuloso Astro, que vivo não estarei para vê-lo passar de novo, e embarcar em mais uma aventura na cauda do cometa Halley.